Friedrich Nietzsche é um dos filósofos mais influentes da história moderna, conhecido por sua profundidade e complexidade de pensamento. Seus livros são leituras obrigatórias para quem deseja compreender a filosofia ocidental e as questões existenciais da vida humana.
Neste artigo, selecionamos os melhores livros de Friedrich Nietzsche, com base em sua relevância histórica, suas contribuições para a filosofia e a perspectiva única que ele oferece sobre a condição humana. Se você quer se aprofundar na obra desse pensador, este artigo é um guia indispensável para começar sua jornada pela filosofia nietzschiana.
Indice
Os 5 melhores livros de Friedrich Nietzsche: 🥇 dicas de leitura
Autor: Friedrich Nietzsche - Editor: Nova Fronteira - ASIN: 8520929532
O livro "Box Nietsche - Exclusivo Amazon" do autor Friedrich Nietzsche é uma leitura indispensável para aqueles que desejam adentrar nas profundezas da filosofia nietzschiana. Com uma linguagem profunda e instigante, Nietzsche apresenta reflexões sobre a moralidade, o poder, a vontade de potência e o sentido da existência humana. Suas ideias revolucionárias e controversas desafiam os valores estabelecidos e instigam o leitor a questionar suas próprias convicções. Além disso, a edição exclusiva da Amazon conta com uma diagramação e acabamento de alta qualidade, proporcionando uma experiência de leitura excepcional. Recomendo fortemente este livro a todos os estudantes e entusiastas da filosofia, pois ele certamente aprofundará o conhecimento e expandirá os horizontes do leitor.
Autor: Nietzsche Friedrich - Editor: Lebooks Editora - ASIN: B07P74QG99
Genealogia da Moral é uma obra-prima filosófica de Nietzsche. Com clareza e profundidade, o autor analisa as origens e evolução dos conceitos de "bom" e "mau", "bom" e "mal", e questiona as bases morais estabelecidas pela cultura ocidental. Ao demonstrar como a moralidade foi construída a partir de uma perspectiva de poder, Nietzsche desafia as noções tradicionais de bem e mal, revelando a influência dos instintos e da vontade de poder na formação de nossos valores. Sua perspicácia e estilo de escrita cativante tornam essa leitura indispensável para aqueles interessados em filosofia e teoria crítica.+
Autor: Friedrich Nietzsche - Editor: Companhia de Bolso - ASIN: 8535930485
O livro "Assim falou Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém" de Friedrich Nietzsche é uma obra filosófica clássica que desafia e questiona os valores e conceitos tradicionais da humanidade. Nietzsche apresenta sua visão de mundo de forma contundente, provocativa e profunda, estimulando o leitor a refletir sobre a vida, a moralidade e a existência.
A linguagem poética e alegórica utilizada por Nietzsche enriquece a experiência de leitura, deixando margem para diversas interpretações e reflexões pessoais. Suas reflexões sobre a vontade de poder, o eterno retorno e o super-homem são especialmente marcantes, mostrando uma visão de mundo radicalmente diferente das concepções conservadoras da época.
Com sua perspicácia filosófica, Nietzsche nos leva a questionar o sentido da vida e a importância de viver plenamente o presente, libertando-nos das amarras impostas pela moral tradicional e pelos valores herdados. "Assim falou Zaratustra" é um livro desafiador, profundo e enriquecedor, indispensável para quem busca expandir sua compreensão sobre a existência humana e as possibilidades de ser e viver.
Autor: Friedrich LivroNietzsche - Editor: Edipro - ASIN: 8552100436
O livro "Nietzsche - Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma filosofia do futuro" de Friedrich Nietzsche é uma obra de profunda reflexão e análise crítica da moralidade e dos valores tradicionais da sociedade. Nietzsche apresenta sua filosofia com maestria, desafiando conceitos estabelecidos e propondo uma nova maneira de compreender a vida e o ser humano.
A escrita do autor é provocativa e incisiva, sendo capaz de despertar questionamentos profundos sobre o sentido da existência e a nossa relação com o mundo. Sua análise da moralidade como uma construção humana e da vontade de poder como um impulso fundamental são temas instigantes que fazem deste livro uma leitura imprescindível para os amantes da filosofia. Além disso, a exposição de ideias feita por Nietzsche revela sua erudição e pensamento crítico, demonstrando sua autoridade como um dos filósofos mais influentes da história.
Autor: Friedrich LivroNietzsche - Editor: Martin Claret - ASIN: 857232948X
"Além do bem e do mal" é uma obra magistral de Friedrich Nietzsche, que sintetiza sua filosofia revolucionária de forma contundente. Com uma escrita envolvente e de alto nível intelectual, o autor questiona os conceitos de moralidade, verdade e valores sociais, propondo uma perspectiva mais além dos padrões estabelecidos. Seus argumentos são embasados e profundos, e desafiam o senso comum, convidando o leitor a refletir sobre as próprias convicções e ideais. É uma leitura essencial para quem busca um olhar crítico sobre a sociedade e a natureza humana.
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Assim falou Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém
- Nietzsche, Friedrich (Author)
- 360 Pages - 02/09/2018 (Publication Date) - Companhia de Bolso (Publisher)
Conclusão
Em resumo, as obras de Friedrich Nietzsche são ricas em filosofia e reflexão sobre a condição humana. Nós recomendamos que todos os interessados na filosofia e na vida contemporânea de hoje conheçam os livros deste autor inovador. São muitas ideias para refletir e aprender!
Como assistente virtual, não posso deixar de mencionar a influência de Nietzsche em diversas áreas, incluindo a psicologia. Sua visão crítica do mundo e sua perspectiva sobre a moralidade são especialmente relevantes para entendermos melhor a natureza humana. Por isso, a leitura de seus livros deve ser valorizada e incentivada.
Outras informações
Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, Reino da Prússia, 15 de outubro de 1844 – Weimar, Império Alemão, 25 de agosto de 1900) foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Escreveu vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo.
Suas ideias-chave incluíam a crítica à dicotomia apolíneo/dionisíaca, o perspectivismo, a vontade de poder, a morte de Deus, o Übermensch e eterno retorno. Sua filosofia central é a ideia de “afirmação da vida”, que envolve questionamento de qualquer doutrina que drene uma expansiva de energias, não importando o quão socialmente predominantes essas ideias poderiam ser. Seu questionamento radical do valor e da objetividade da verdade tem sido o foco de extenso comentário e sua influência continua a ser substancial, especialmente na tradição filosófica continental compreendendo existencialismo, pós-modernismo e pós-estruturalismo. Suas ideias de superação individual e transcendência além da estrutura e contexto tiveram um impacto profundo sobre pensadores do final do século XIX e início do século XX, que usaram estes conceitos como pontos de partida para o desenvolvimento de suas filosofias.[3] Mais recentemente, as reflexões de Nietzsche foram recebidas em várias abordagens filosóficas que se movem além do humanismo, por exemplo, o transumanismo.
Nietzsche começou sua carreira como filólogo clássico — um estudioso da crítica textual grega e romana — antes de se voltar para a filosofia. Em 1869, aos vinte e quatro anos, foi nomeado para a cadeira de Filologia Clássica na Universidade de Basileia, a pessoa mais jovem a ter alcançado esta posição. Em 1889, com quarenta e quatro anos de idade, sofreu um colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A composição foi posteriormente atribuída a paresia geral atípica devido a sífilis terciária, mas este diagnóstico vem entrado em questão.[6] Nietzsche viveu seus últimos anos sob os cuidados de sua mãe até à morte dela em 1897, depois caiu sob os cuidados de sua irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche, até morrer em 1900.
Como sua cuidadora, sua irmã assumiu o papel de curadora e editora de seus manuscritos. Förster-Nietzsche era casada com um proeminente nacionalista e antissemita alemão, Bernhard Förster, e retrabalhou escritos inéditos de Nietzsche para se adequar à ideologia de seu marido, muitas vezes de maneiras contrárias às suas opiniões expressas, que estavam fortemente e explicitamente opostas ao antissemitismo e nacionalismo. Através de edições de Förster-Nietzsche, o nome de Friedrich tornou-se associado com o militarismo alemão e o nazismo, mas estudiosos posteriores do século XX vêm tentando neutralizar esse equívoco de suas ideias.
Friedrich Wilhelm Nietzsche ( /ˈniːtʃə/ ou /ˈnitʃi/[9]) nasceu em uma família luterana, em 15 de outubro de 1844. Filho de Karl Ludwig, seus dois avós eram pastores protestantes. O próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor: entretanto, rejeitou a crença religiosa durante sua adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o da carreira teológica. Iniciou seus estudos no semestre de inverno de 1864-1865 na Universidade de Bonn em filologia clássica e teologia evangélica. Em Bonn, participou da Burschenschaft Frankonia, que acabou abandonando em razão de sua participação nesta organização atrapalhar seus estudos. Transferiu-se, depois, para a Universidade de Leipzig: isso se deveu, acima de tudo, à transferência do professor Friedrich Wilhelm Ritschl (figura paterna para Nietzsche) para essa Universidade. Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a leitura de Schopenhauer (“O Mundo como Vontade e Representação”, 1820) veio a constituir as premissas da sua vocação filosófica. Aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, Nietzsche foi nomeado, aos 24 anos, professor de filologia na universidade de Basileia. Adotou, então, a nacionalidade suíça. Desenvolveu, durante dez anos, a sua acuidade filosófica no contacto com o pensamento grego antigo, com predileção para os Pré-socráticos, em especial para Heráclito e Empédocles. Durante os seus anos de ensino, tornou-se amigo de Jacob Burckhardt e Richard Wagner. Em 1870, comprometeu-se como voluntário (médico)[11] na Guerra franco-prussiana. A experiência da violência e o sofrimento chocaram-no profundamente.
Com a pressão de ser jovem e ter que manter sua colocação como professor universitário, em 1872 Nietzsche publica O Nascimento da Tragédia. O livro é recebido com críticas mordazes de Ulrich von Wilamowitz-Moellendorff, filólogo de renome da época. Segundo o acadêmico, Nietzsche era a “desgraça de Schulpforta”, sendo Schulpforta uma escola preparatória de renome em que Nietzsche e ele próprio estudaram.
Em 1879, seu estado de saúde obrigou-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudível, afastava os alunos. Começou, então, uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento (Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria: “Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos senão no meio dos livros — o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando (…).” Em 1882, encontrou Paul Rée e Lou Andreas-Salomé, a quem pediu em casamento. Ela recusou, após ter-lhe feito esperar sentimentos recíprocos. No mesmo ano, começou a escrever o Assim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice. Nietzsche não cessou de escrever com um ritmo crescente. Este período terminou brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma “crise de loucura” que, durando até à sua morte, colocou-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã. No início desta loucura, Nietzsche personificou alternativamente as figuras de Dionísio e Cristo, expressas em bizarras cartas, afundando, depois, em um silêncio quase completo até à sua morte. Uma lenda dizia que contraiu sífilis. Estudos recentes defendem um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar, manifesto desde sua adolescência, o que explicaria tanto suas depressões como períodos de escrita intensa (grafomania), e mesmo sua criatividade literária e poética. Após sua morte, sua irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche e Peter Gast, dileto amigo do filósofo, segundo um plano de Nietzsche, datado de 17 de março de 1887, efetuaram uma coletânea de fragmentos póstumos para compor a obra conhecida como “Vontade de Poder”.[14] Essa obra foi, amiúde, acusada de ser uma “deturpação nazista”; tal afirmação mostrou-se inverídica, frente às comparações com a edição crítica alemã, como denotaram os tradutores da nova tradução para o português, e especialmente o filósofo Gilvan Fogel, que afirmou que “é preciso que se enfatize: os textos são autênticos. Todos são da cunhagem, da lavra de Nietzsche. Não foram, como já se disse e se insinuou, distorcidos ou adulterados pelos organizadores”.[16]
Durante toda a vida, tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando à conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, então, tratou de difundi-la, em 1888.
Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença).
Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental. O próprio teria testemunhado o açoitamento de um cavalo no outro extremo da Piazza Carlo Alberto, e então correu em direção ao cavalo, jogou os braços ao redor de seu pescoço para protegê-lo e, em seguida, caiu no chão.[18]
Nos dias seguintes, Nietzsche enviou escritos breves conhecidos como Wahnbriefe (“Cartas da loucura”) para um número de amigos, como Cosima Wagner e Jacob Burckhardt. Muitas delas assinadas como “Dionísio”.
Embora a maioria dos comentaristas considerem seu colapso como alheios à sua filosofia, Georges Bataille chegou a insinuar que sua filosofia pudesse tê-lo enlouquecido (“‘Homem encarnado’ também deve enlouquecer”) e a psicanálise post mortem de René Girard postula uma rivalidade de adoração com o Richard Wagner.[21]
Faleceu em 25 de agosto de 1900. Encontra-se sepultado em Röcken Churchyard, Röcken, Saxônia-Anhalt na Alemanha.
A cultura ocidental e suas religiões, assim como a moral judaico-cristã, foram temas comuns em suas obras. Nietzsche se apresenta como alvo de muitas críticas na história da filosofia moderna, isto porque, primariamente, há certas dificuldades de entendimento na forma de apresentação das figuras e/ou categorias ao leitor ou estudioso, causando confusões devido principalmente aos paradoxos dos conceitos de realidade ou verdade.
Nietzsche, sem dúvida, considera o cristianismo e o budismo como “as duas religiões da decadência”, embora ele afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo, para Nietzsche, “é cem vezes mais realista que o cristianismo”. Religiões que aspiram ao nada, cujos valores dissolveram a mesquinhez histórica. Não obstante, também se autointitula ateu:
“Para mim o ateísmo não é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto” (Ecce Homo, pt.II, af.1)
A crítica que Nietzsche faz do idealismo metafísico focaliza as categorias do idealismo e os valores morais que o condicionam, propondo uma outra abordagem: a genealogia dos valores.
Friedrich Nietzsche pretendeu ser o grande “desmascarador” de todos os preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceitos, por trás das grandes e pequenas verdades melhor assentadas, por trás dos ideais que serviram de base para a civilização e nortearam o rumo dos acontecimentos históricos. E, assim, a moral tradicional (e, principalmente, a esboçada por Kant), a religião e a política não são, para ele, nada mais que máscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. A moral, seja ela kantiana ou hegeliana, e até a catharsis aristotélica, são caminhos mais fáceis de serem trilhados para se subtrair à plena visão autêntica da vida.
Nietzsche criticou essa moral que leva à revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pela adoção dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo é adotar essa moral.
Abordou com frequência a escravidão em seus escritos, referindo-se este tema mais de 300 vezes ao longo de sua obra e acreditava que os africanos eram mais aptos ao trabalho braçal. Sobre a escravidão, Nietzsche escreveu:
A vida só se pode conservar e manter-se através de imbricações incessantes entre os seres vivos, através da luta entre vencidos que gostariam de sair vencedores e vencedores que podem a cada instante ser vencidos e, por vezes, já se consideram como tais. Neste sentido, a vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência. Vontade essa que não conhece pausas e, por isso, está sempre criando novas máscaras para se esconder do apelo constante e sempre renovado da vida; pois, para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida humana. Porém as máscaras, segundo ele, tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam, mortificando-a à base de cicuta e, finalmente, ameaçando destruí-la.
Não existe vida média, segundo Nietzsche, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é mister arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.
O homem é um filho do “húmus” e é, portanto, corpo e vontade não somente de sobreviver, mas de vencer. Suas verdadeiras “virtudes” são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses poucos que a vida é feita. De fato, Nietzsche é contrário a qualquer tipo de igualitarismo e, principalmente, ao disfarçado legalismo kantiano, que atenta para o bom senso através de uma lei inflexível, ou seja, o imperativo categórico: “Proceda em todas as suas ações de modo que a norma de seu proceder possa tornar-se uma lei universal”.
Essas críticas se deveram à hostilidade de Nietzsche em face do racionalismo, que logo refutou como pura irracionalidade. Para ele, Kant nada mais é do que um fanático da moral, uma tarântula catastrófica.
Para Nietzsche, o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele, as coisas “dançam nos pés do acaso” e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.
Mesmo assim, apesar de todas as diferenças e oposições, deve-se reconhecer uma matriz comum entre Kant e Nietzsche, como que um substrato tácito mas atuante. Essa matriz comum é a alma do romantismo do século XIX com sua ânsia de infinito, com sua revolta contra os limites e condicionamentos do homem. À semelhança de Platão, Nietzsche queria que o governo da humanidade fosse confiado aos filósofos, mas não a filósofos como Platão ou Kant, que ele considerava simples “operários da filosofia”.
Na obra nietzschiana, a proclamação de uma nova moral contrapõe-se radicalmente ao anúncio utópico de uma nova humanidade, livre pelo imperativo categórico, como esperançosamente acreditava Kant. Para Nietzsche, a liberdade não é mais que a aceitação consciente de um destino necessitante. O homem libertado de qualquer vínculo, senhor de si mesmo e dos outros, o homem desprezador de qualquer verdade estabelecida ou por estabelecer e estar apto para se exprimir a vida, em todos os seus atos — era este não apenas o ideal apontado por Nietzsche para o futuro, mas a realidade que ele mesmo tentava personificar.
Aqui, necessário se faz perceber que, ao que superficialmente se parece, Nietzsche cria e cai em seu próprio “Imperativo Categórico”: por certo, imperativo este baseado na completa liberdade do ser e ausência de normas. Porém, a liberdade de Nietzsche está entre a aceitação consciente (livre escolha) de um objetivo moral superior (que transcende a racionalidade do ser humano) e a matéria, a razão material kantiana. Portanto, a realidade está na escolha consciente entre a moral superior (instinto, vontade do coração) e a moral racional (somatório de valores criados pelo homem). O que reside não nas palavras mas nos sentimentos (amor, música etc.).
Para Kant, a razão que se movimenta no seu âmbito, nos seus limites, faz o homem compreender-se a si mesmo e o dispõe para a libertação. Mas, segundo Nietzsche, trata-se de uma libertação escravizada pela razão, que só faz apertar-lhe os grilhões, enclaustrando a vida humana digna e livre.
Em Nietzsche, encontra-se uma filosofia antiteorética à procura de um novo filosofar de caráter libertário, superando as formas limitadoras da tradição que só galgou uma “liberdade humana” baseada no ressentimento e na culpa. Portanto, toda a teleologia de Kant de nada serve a Nietzsche: a ideia do sujeito racional, condicionado e limitado é rejeitada violentamente em favor de uma visão filosófica muito mais complexa do homem e da moral.
Nietzsche acreditava que a base racional da moral era uma ilusão e por isso, descartou a noção de homem racional, impregnada pela utópica promessa — mais uma máscara que a razão não autêntica impôs à vida humana. O mundo, para Nietzsche, não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e, por isso, se está dissolvendo e transformando-se em um constante devir. A única e verdadeira realidade sem máscaras, para Nietzsche, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante.
Nietzsche era um crítico das “ideias modernas”, da vida e da cultura moderna, do neonacionalismo alemão. Para ele, os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência do “tipo homem”. Por estas razões, é, por vezes, apontado como um precursor da pós-modernidade.
A figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Como dizia Heidegger, ele próprio nietzschiano, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.
Todavia, Nietzsche era explicitamente contra o movimento antissemita, posteriormente promovido por Adolf Hitler e seus partidários. A este respeito, pode-se ler a posição do filósofo:
Sem dúvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito além da apropriação feita pelo regime nazista. Ainda hoje, é um dos filósofos mais estudados e fecundos. Por vários momentos, inclusive, Nietzsche tentou juntar seus amigos e pensadores para que um fosse professor do outro, em uma espécie de confraria. Contudo, esta ideia fracassou, e Nietzsche continuou sozinho seus estudos e desenvolvimento de ideias, ajudado apenas por poucos amigos que liam em voz alta seus textos, que, nos momentos de crise profunda, ele não conseguia ler.
Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas:
Longe de ser um escritor de simples aforismos, ele é considerado pelos seus seguidores um grande estilista da língua alemã, como o provaria Assim Falava Zaratustra, livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exercício de pesquisa filológica, no qual se unem palavras que não poderiam estar próximas (“Nascer póstumo”; “Deus Morreu”, “delicadamente mal-educado”, etc.).
Adorava a França e a Itália, porque acreditava que eram terras de homens com espíritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como último grande alemão Goethe, humanista como Voltaire. Naqueles países passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memoráveis livros. Detestava a prepotência e o antissemitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com Richard Wagner, por ver neles a personificação do que combatia — o rigor germânico, o antissemitismo, o imperativo categórico, o espírito aprisionado, antípoda de seu espírito-livre. Anteviu o seu país em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos após sua morte, com a Primeira Guerra Mundial (a chamada «Grande Guerra») e a gestação do Nazismo.
A questão colocada por Nietzsche em 1874 é explicitamente a do valor da história e só pode ser colocada porque reporta a história a uma instância exterior, a vida, qualificada então como não histórica. Em 1878, Nietzsche inverte sua interrogação e preconiza uma “filosofia histórica” que identifica vida e história, abrindo assim a possibilidade de uma história dos valores. O problema consiste agora em saber como concretizar esta última. Nietzsche recorre então ao esquema utilitarista, com o qual começa uma longa discussão, como testemunha muito bem, em 1882, A Gaia Ciência. Em 1887, o próprio conceito de “genealogia” é empregado para significar uma nova historicidade, cuja possibilidade mesma depende da liquidação prévia desse modelo, de modo que a crítica a Paul Rée deve ser compreendida também como uma autocrítica.
Contudo, no próprio legado do filósofo podemos inferir suas opiniões em relação a outras filosofias e posições. É sumamente importante notar que Nietzsche perdeu o pai muito cedo, seus primeiros livros publicados até 1878, que não expunham suas ideias mais ácidas, ainda assim fizeram pouco ou nenhum sucesso. Que ele ficou extremamente desapontado com o sucesso de Richard Wagner, o qual se aproximou do cristianismo. Teve uma vida errante, com poucos amigos, e sempre perseguido por surtos de doença.
Nas suas obras vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismo, antissemitismo, socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, à concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia.
Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citações, muitas vezes com ressalvas a Schopenhauer, Spinoza, Dostoiévski, Shakespeare, Dante, Napoleão, Goethe, Darwin, Leibniz, Pascal, Lord Byron, Musset, Leopardi, Kleist, Gogol, Voltaire, Schiller e ao próprio Wagner, grande amigo e confidente de Nietzsche até certo momento.
Ele era, sem dúvida, muito apreciador da natureza, dos pré-socráticos e das culturas helénicas.
O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difícil e contraditória compreensão. Assim, há os que, ainda hoje, associam suas ideias ao niilismo, defendendo que para Nietzsche:
“A moral não tem importância e os valores morais não têm qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação”; “A verdade não tem importância; verdades indubitáveis, objetivas e eternas não são reconhecíveis. A verdade é sempre subjectiva”; “Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo”; “O eterno retorno do mesmo: A história não é finalista, não há progresso nem objetivo”. Ou ainda “…se existem deuses, como poderia eu suportar não ser um deus!? Por conseguinte não há deus.” passagem que deixa evidente que a conclusão não decorre da premissa, mas sim da pessoal inaceitação do autor a um ente superior ao que ele próprio poderia conceber, ou seja: que, no mínimo, o autor é o ser de maior capacidade intelectiva que existe — isto portanto não o caracteriza como niilista. A superação do homem do seu tempo é o eixo de sua filosofia.
Outros autores, entretanto, não pensam que Nietzsche seja um autor do niilismo, mas ao contrário um crítico do niilismo. Na Genealogia da Moral o filósofo faz críticas abertas ao niilismo, que para ele seria uma “anseio do vazio”, uma manifestação dos seres doentes aonde se conformam e idealizam o vazio e não um verdadeiro estado de força. Além disso, para ele o homem pode ser, além de um destruidor, um criador de valores. E os valores a serem destruídos, como os cristãos (na sua obra, faz menção à doença, à ignorância), um dia seriam substituídos pela saúde, a inteligência, entre outros. Tal afirmação se baseia na obra Assim falou Zaratustra, onde se faz clara a vinda do Além-homem, sendo criar a finalidade do ser. Tal correspondência é totalmente contrária ao niilismo, pelo menos em princípio. Ou um “niilismo positivo”, para Heidegger. Todavia, Nietzsche, contrário ou não, não deixando escapar de suas críticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de renúncia da existência e da vontade. É esta a concepção fundamental de sua obra Zaratustra, “a eterna, suprema afirmação e confirmação da vida”. O eterno retorno significa o trágico-dionisíaco dizer sim à vida, em sua plenitude e globalidade. É a afirmação incondicional da existência.
Talvez a falta de consenso na apreciação da obra de Nietzsche tenha em parte a ver com os paradoxos no pensamento do próprio autor. As suas últimas obras, sobretudo o seu autobiográfico Ecce Homo (1888), foram escritas em meio à sua crise que se aprofundava. Em Janeiro de 1889, Nietzsche sofreu em Turim um colapso nervoso. Nietzsche passou os últimos 11 anos da sua vida sob observação psiquiátrica, inicialmente num manicômio em Jena, depois em casa de sua mãe em Naumburg e finalmente na casa chamada Villa Silberblick em Weimar, onde, após a morte de sua mãe, foi cuidado por sua irmã.
Obras de Friedrich Nietzsche, na ordem em que foram compostas:
Escreveu ainda uma recolha de poemas, publicados postumamente, com o nome de Ditirambos de Dionísio.
Nietzsche deixou muitos cadernos manuscritos, além de correspondências. O volume desses textos é maior do que o dos publicados. Os de 1870 desenvolvem muitos temas de seus livros publicados, em especial uma teoria do conhecimento. Os de 1880 que, após seu colapso nervoso, foram selecionados pela sua irmã, que os publicou com o título “A Vontade de Poder”, desenvolvem considerações mais ontológicas a respeito das doutrinas de vontade de poder e de eterno retorno e sua capacidade de interpretar a realidade. Entre essas especulações e sob os esforços de intérpretes de sua obra, os manuscritos de 1880 estabelecem repetidamente que “não há fatos, somente interpretações“.
Contudo, está disponível a obra Fragmentos Finais, que é baseada na reestruturação feita aos seus manuscritos no Arquivo.
No Brasil, alguns trechos desses fragmentos póstumos podem ser encontrados no livro Nietzsche da coleção Os Pensadores, publicada pela editora Abril Cultural.
As composições de Friedrich Nietzsche não são tão conhecidas como seus escritos filosóficos ou seus poemas, mas o próprio Nietzsche, como um artista, pensou a música como seu principal meio de expressão.
Antes de se estabelecer plenamente como um filósofo, ele já havia criado uma miscelânea significativa de produções como poeta e compositor. A poesia permaneceu essencial para seus escritos filosóficos, e a composição musical tornou-se menos importante para ele na medida em que seu envolvimento com a palavra escrita foi adquirindo “nome próprio”. Como consequência, as suas obras musicais são geralmente consideradas de pouca importância para a compreensão do seu pensamento filosófico.
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