Livros de Oswald de Andrade 🔝

Melhores livros de Oswald de Andrade

Se você é um apreciador da literatura brasileira e deseja explorar a obra de Oswald de Andrade, este artigo é para você! Oswald de Andrade foi um dos maiores escritores e intelectuais do modernismo brasileiro, conhecido por seu estilo inovador e suas contribuições para a cultura nacional.

Neste artigo, listamos os melhores livros de Oswald de Andrade, permitindo que você mergulhe em sua escrita revolucionária e compreenda sua importância na formação do cenário literário brasileiro. Com nossa seleção, pretendemos demonstrar nossa experiência e autoridade no assunto, apresentando obras que certamente cativarão a atenção dos leitores ávidos por boa literatura.

Os 5 melhores livros de Oswald de Andrade: 🥇 nossas indicações

Livros de Oswald de Andrade em promoção

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A guerra invisível de Oswald de Andrade
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Um boxeur na arena: Oswald de Andrade e as artes visuais no Brasil (1915-1945)
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Um homem sem profissão: Memórias e confissões ― 1890-1919 ― Sob as ordens de mamãe
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Memórias sentimentais de João Miramar
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Melhor livro de Oswald de Andrade: nossa escolha

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Avaliaçao: 5.0

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2 Classificações

A guerra invisível de Oswald de Andrade

  • Livro
  • Marovatto, Mariano (Author)
  • 144 Pages - 06/08/2023 (Publication Date) - Todavia (Publisher)

Conclusão

Os melhores livros de Oswald de Andrade são verdadeiras obras de arte literária que refletem sua genialidade e influência no Movimento Modernista brasileiro. Com sua rica imaginação e visão crítica, Oswald nos presenteia com escritos provocativos, inovadores e provocadores, que até hoje são referências no meio literário. Suas obras são uma leitura indispensável para aqueles que desejam compreender a cultura e a história do Brasil, em toda a sua complexidade e diversidade. Ao explorar temáticas como o nacionalismo, o surrealismo e a crítica social, Oswald de Andrade mostra-se como um escritor à frente de seu tempo, capaz de cativar e provocar reflexões profundas. Seus livros são verdadeiros tesouros da literatura brasileira, que merecem ser apreciados e estudados de perto.

Outras informações

José Oswald de Sousa de Andrade, apelidado de Oswald de Andrade,[nota 1] (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 – São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um poeta, escritor, advogado; ensaísta e dramaturgo brasileiro. Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade (irmã do escritor Inglês de Sousa).[2] Formou-se em Direito no Largo São Francisco em 1919. Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu em 1922 na cidade de São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Ficou conhecido pelo seu temperamento “irreverente e combativo”,[1] sendo o mais inovador entre estes. Colaborou na revista Contemporânea (1915-1926). De 1926 a 1929 foi casado com Tarsila do Amaral e de 1930 a 1935 foi marido de Pagu.

Em 11 de janeiro de 1890 nasceu, em São Paulo, José Oswald de Sousa de Andrade, filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade, sendo eles pertencentes a uma família paulistana tradicional, de classe alta e ascendência portuguesa.

Iniciou seus estudos, em 1900, na Escola Modelo Caetano de Campos. Em 1901, ingressa no Ginásio Nossa Senhora do Carmo. De 1903 a 1908 estudou no Colégio São Bento, onde concluiu seus estudos com o diploma de bacharel em humanidades. Em 1909 iniciou carreira no jornalismo como redator e crítico teatral do “Diário Popular”, assinando a coluna “Teatro e Salões”. No mesmo ano, ingressou na Faculdade de Direito.

Em 1910 montou um ateliê com o pintor Oswaldo Pinheiro, no Vale do Anhangabaú. Neste ano conheceu o Rio de Janeiro, onde ficou hospedado na residência de seu tio avô, o escritor Inglês de Souza. Passou o primeiro Natal longe da família, acompanhado de amigos, em Santos, numa hospedaria.

Em 1911, com a ajuda financeira de sua mãe, fundou o jornal “O Pirralho”, cujo primeiro número é lançado em 12 de agosto, tendo como colaboradores Amadeu Amaral, Voltolino, Alexandre Marcondes, Cornélio Pires e outros. Conheceu o poeta Emílio de Meneses, de quem se tornou amigo, e o ajudou profissionalmente. Lançou a campanha civilista em torno de Ruy Barbosa. Neste mesmo ano passou suas férias em Baependi, Minas Gerais, na fazenda da família de seu avô paterno.

Em 1912 viaja para a Europa, onde visitou vários países: Itália, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, França e Espanha. Manteve casos amorosos com diversas mulheres durante a viagem, o mais longo deles com uma jovem dançarina de cabaré, a italiana Helena Carmen Hosbale, com quem ficou por três meses, durante sua estadia em Milão.

Em uma viagem a Paris, ele conheceu uma jovem estudante francesa, Henriette Denise Boufflers, uma donzela de família abastada. Ele passou a chamá-la carinhosamente de Kamiá. Eles se apaixonaram intensamente, e mantiveram um caso amoroso escondido por um mês, até assumirem o namoro e Oswald ser aceito pela família dela. Após dois meses, em setembro do mesmo ano, sua mãe faleceu, e Oswald, então, voltou para o Brasil, trazendo Kamiá junto consigo, que recebeu autorização da família para ir com ele. Eles passam a morar juntos na casa dele em São Paulo. Em 1914 nasceu o filho do casal, José Oswald Antônio Boufflers de Andrade, apelidado por eles de Nonê. A partir daí o casamento se desestabilizou, com o ciumes de Kamiá, e as traições de Oswald. Nesse mesmo ano tornou-se bacharel em ciências e letras, pelo Colégio São Bento, e fez um curso de filosofia no Mosteiro de São Bento.

Em 1915, Oswald iniciou um caso extraconjugal com a dançarina espanhola Carmen Lydia, que passou a viver no Brasil. Em 1916 sua esposa descobriu as traições, separando-se. Ela, então, voltou para Paris com seu filho, e Oswald ficou vivendo sozinho em São Paulo, separando-se da dançarina um mês depois.

Em 1917 começou a se encontrar com Maria de Lourdes Castro Pontes, apelidada de Deysi, Miss Cyclone e Tufão. Ela era uma normalista de 17 anos, a única mulher na primeira garçoniere que Oswald manteve, na Rua Libero Badaró, 67. O romance é retratado no livro O perfeito cozinheiro das almas desse mundo, escrito coletivamente por Oswald, Miss Cyclone e vários amigos. Casa-se com Myss Cyclone in extremis, em agosto de 1919, após complicações por um aborto mal sucedido. Ela morre dia 24 de agosto de 1919, aos 19 anos. Em fevereiro deste mesmo ano, havia morrido seu pai.

Também em 1919 forma-se em direito. Em 1922, Oswald começa a namorar a pintora Tarsila do Amaral.

Em 1923 viajou até a França, e entrou na justiça para conseguir a guarda do filho, já que Kamiá, a mãe do menino, ainda magoada, não queria mais que Oswald o visse. Oswald, então, conseguiu a custódia dele, devido ao seu alto poder aquisitivo e influência no cenário cultural brasileiro. Ele, então, matriculou seu filho no colégio interno Licée Jaccard, em Lausanne, na Suíça. Ele passou a visitar o menino uma vez por mês, e o levava para viajar com ele todo ano, nas férias, tendo levado seu filho para morarem juntos no Brasil após o menino ficar maior de idade. Neste mesmo ano de 1923 viajou com sua namorada Tarsila para divulgar os trabalhos artísticos de ambos em Portugal, Espanha e Senegal.

Em 1925 viajou a passeio com sua então noiva Tarsila, a filha dela, e seu filho, pela Grécia, Turquia, Israel e Egito. Ambos foram morar juntos em 1926. Com a Crise de 1929 no mundo, Oswald rompeu sua parceria profissional com Mário de Andrade, devido a sua grande perda financeira. Isso agravou seu casamento, já em crise há um ano, devido às diferenças marcantes de temperamento ente o casal, e os ciúmes intensos de Tarsila e as contantes traições de Oswaldo . Em dezembro de 1929 separou-se de sua esposa e assumiu um relacionamento sério com sua amante, a escritora Pagu, com quem já se relacionava há um ano.

No dia 1º de abril de 1930 “casa-se” com Pagu, em uma cerimônia pouco convencional: O acontecimento foi simbólico, realizado no Cemitério da Consolação, em São Paulo. O fato apareceu em diversos noticiários. Ambos casaram-se oficialmente no civil e na igreja apenas no mês seguinte, com Pagu já grávida de seis meses. Em 25 de setembro do mesmo ano nasceu o filho do casal, Rudá Poronominare Galvão de Andrade.

Seu casamento com Patrícia o faz se aproximar da política, e ele tornou-se militante do Partido Comunista Brasileiro, e o casal fundou juntos o jornal O Homem do Povo, que durou até 1945, quando Oswald rompeu com o partido comunista.

Em junho de 1934 desquitou-se de Pagu, devido as constantes traições de Oswald, que assumiu um relacionamento com sua nova amante, a pianista Pilar Ferrer, com quem já estava há dois anos. Após um mês, separou-se de Pilar, e iniciou um namoro com Julieta Bárbara Guerrini, uma jovem poetisa, de família tradicional paulistana, de origem italiana. Em dezembro o casal passou a viver juntos. O casal separou-se em 1940.

Após levar uma vida boêmia, mantendo relacionamentos casuais com mulheres anônimas e famosas, em 1943 iniciou um namoro com Maria Antonieta D’Alkmin, uma jovem paulistana, de família rica e tradicional, de origem alemã. Ambos foram viver juntos em 1944. O casal teve dois filhos: Antonieta Marília D’Alkmin de Andrade, nascida em 1945, e Paulo Marcos D’Alkmin de Andrade, nascido em 1948. Este foi o último casamento de Oswald, que permaneceu casado até seu falecimento, em 1954.

Ele faleceu aos 64 anos, em seu quarto, vítima de um infarto. Ele foi sepultado no jazigo da família, no Cemitério da Consolação, junto aos seus pais e avós.[6]

Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.

Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, de Mário de Andrade, ambos os autores atuaram como “dínamos” na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.

Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.

Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era se sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo, procurava-se aquilo que o filósofo alemão Herder, no final do século XVIII, já havia definido como “alma nacional” (Volksgeist). Integrou o Grupo dos Cinco conhecido por seu papel central na busca da identidade brasileira, bem como por seu trabalho e envolvimento com a Semana de Arte Moderna

Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.

Na sua busca por um caráter nacional (ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em Macunaíma), Oswald, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte, Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de ideias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo (por exemplo Olavo Bilac). Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.

Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do Futurismo e do Cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos. Oswald percebeu que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.

O Manifesto da Poesia Pau-Brasil é do mesmo ano que o Manifesto Surrealista de André Breton, o que reforça a tese de que o Brasil estava a acompanhar plenamente o movimento das vanguardas mundiais. Tinha deixado definitivamente de ser uma forma de expressão pós-portuguesa para se afirmar plena e autonomamente. Neste manifesto Oswald defende uma poesia que seja ingênua, mas ingênua no sentido de não contaminada por formas preestabelecidas de pensar e fazer arte. “Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.”

O manifesto desenvolve-se num tom de paródia e de festa, de prosa poética pautada com frases aforísticas. Nele se expressa que o Brasil passe a ser uma cultura de exportação, à semelhança do que foi o produto pau-brasil, que a sua poesia seja um produto cultural que já não deve nada à cultura europeia e que antes pelo contrário pode vir a influenciar esta. Oswald defende uma poética espontânea e original, as formas de arte estão dominadas pelo espírito da imitação, o naturalismo era uma cópia balofa. “Só não se inventou a máquina de fazer versos — já havia o poeta parnasiano”. Afirma assim uma poesia que tem que ser revolucionária. “A poesia existe nos fatos”. “O trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a morbidez romântica. — pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa”.

Talvez não seja muito errado afirmar que este manifesto poderia ser considerado como um futurismo tropicalista. “Temos a base dupla e presente — a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva doce…”.

O manifesto propõe, sem perder o humor e a ingenuidade, a descolonização de seu país pelas vias de um levante popular, e acima de tudo negro, quando expõe uma sugestão de Blaise Cendrars: “– Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino”.

O Manifesto Antropófago foi publicado no primeiro exemplar da Revista de Antropofagia. Os exemplares desta publicação eram numerados como primeira dentição, segunda dentição, etc.

Este manifesto constitui-se numa síntese de alguns pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro. Inspirou-se explicitamente em Marx, Freud, André Breton, Montaigne e Rousseau e atacava explicitamente a missionação, a herança portuguesa e o padre Antônio Vieira: “Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade; Contra Goethe [que simboliza a cultura clássica europeia]”. Neste sentido, assina o manifesto como tendo sido escrito em Piratininga (nome indígena para a planície de onde viria a surgir a cidade de São Paulo), datando-o esclarecedoramente como “ano 374, da Deglutição do Bispo Sardinha”, o que denota uma recusa radical, simbólica e humoristicamente, do calendário gregoriano vigente.

Por outro lado, a técnica de escrita explorada no Manifesto, bem como em todos os poemas mais significativos do autor antes e após este, aproximam-se mais das chamadas vanguardas positivas, mais construtivas que o Surrealismo de Breton e continuam propondo uma língua nacional diferente do português. O desejo de criar uma língua brasileira se manifestaria em sua obra, principalmente, por um vocabulário popular, explorando certos “desvios” do falante brasileiro (como sordado, mio, mió), intentando o “erro criativo”. Este sonho somente se pareceria concretizar posteriormente, no entanto, na prosa de Guimarães Rosa e na poesia de Manoel de Barros.

Há várias ideias que estão implícitas neste manifesto, em que Oswald se expressa de maneira poética. Essas não são exploradas sistematicamente. Uma destas ideias é o manifesto antropofágico, antropofagia que é diferente de canibalismo, pois nas sociedades tribais/tradicionais antropofágicas, o nativo comia da carne do nativo de outra tribo acreditando estar assimilando o que este tinha de bom. Geralmente o guerreiro se alimentava de outro guerreiro forte, nunca de um guerreiro fraco, pois senão as suas características ruins seriam assimiladas. O canibal por sua vez se alimenta do outro ser humano por nutrição. A literatura brasileira sempre teve essa crise de identidade, assim como muitas literaturas de países que já foram colonizados, pois não se sentem pertencentes aos nativos nem aos colonizadores. Oswald, então, resolve esta questão, com a explicação que devemos ser antropofágicos com a cultura europeia, pois devemos comê-la e digerir tudo aquilo que ela tem de bom, devolvendo isso na forma de uma produção superior, com muito senso de humor e crítica: “Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Matias. Comi-o”.

Outra ideia avançada é a de que a maior revolução de todas vai se realizar no Brasil: “Queremos a revolução Caraíba”.

Outra ideia é a de que o Brasil, simbolizado pelo índio, absorve o estrangeiro, o elemento estranho a si, e torna-o carne da sua carne, canibaliza-o. Oswald, metaforicamente, recusa as “religiões do meridiano” que são aquelas de origem oriental e semita que deram origem ao cristianismo. Sendo a favor das religiões indígenas, com a sua relação direta com as forças cósmicas.

O manifesto insiste muito nas ideias de Totem e Tabu, expressas em um trabalho de Freud de 1912. Segundo Freud o Pai da tribo teria sido morto e comido pelos filhos e posteriormente divinizado. Tornado Totem e por isso mesmo sagrado, consequentemente criaram-se interdições à sua volta.

Citando o manifesto: “Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.” A antropofagia segundo Oswald é uma inversão do mito do bom selvagem de Rousseau, que era puro, inocente, edênico. O índio passa a ser mau e esperto, porque canibaliza o estrangeiro, digere-o, torna-o parte da sua carne. Assim o Brasil seria um país canibal. O que é um ponto de vista interessante porque subverte a relação colonizador (ativo)/colonizado (passivo). O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura ocidental, portuguesa, europeia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro.

Assim o Manifesto Antropófago, embora seja nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário é xecanofágico: “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.” Por isso, o antropófago Oswald seria um vanguardista, e teria sido o primeiro brasileiro, cronologicamente, a influenciar o movimento literário brasileiro de maior repercussão internacional, o concretismo, bem como, talvez indiretamente, ao poeta brasileiro mais aclamado nos círculos literários da atualidade, Manoel de Barros, o qual se diz um poeta da “vanguarda primitiva”.

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